Linux Kamarada

openSUSE Leap e openSUSE Tumbleweed: qual é a diferença?

Quando eu comecei a usar o openSUSE, em 2012, “openSUSE” era o nome tanto da distribuição Linux quanto do projeto que a desenvolvia. Hoje, o Projeto openSUSE disponibiliza duas distribuições, chamadas Leap e Tumbleweed. Nesse texto, você vai ver as diferenças entre essas distribuições e como elas começaram.

Primeiro, vejamos o que são essas distribuições e as diferenças entre elas:

  • openSUSE Leap: mais estável, sucessor do bom e velho openSUSE, mas com um novo processo de desenvolvimento, atualmente está na versão 15.2 e lança novas versões com regularidade (geralmente, uma nova versão por ano), de modo semelhante a distribuições mais tradicionais como Ubuntu, Debian e Fedora; e

  • openSUSE Tumbleweed: com lançamentos contínuos (rolling release), ou seja, não possui versões distintas, apenas a versão mais recente, que contém sempre os softwares mais recentes, recebe atualizações pequenas e frequentes sempre que um software é atualizado, semelhante a distribuições como Arch, Manjaro e Gentoo.

O openSUSE Leap é mais indicado para usuários iniciantes e organizações, que tendem a evitar atualizações frequentes. Já o openSUSE Tumbleweed é preferido por usuários entusiastas que desejam usar sempre o que há de mais novo em Linux.

Normalmente, eu falo aqui do openSUSE Leap. É a distribuição que eu uso e indico há anos, principalmente para usuários iniciantes, tanto que o Linux Kamarada é baseado nele. O Linux Kamarada está atualmente na versão 15.2, baseada na versão mais atual do openSUSE Leap, também 15.2. Eu uso números de versões iguais para mostrar esse alinhamento.

Um pouco de história e mais detalhes

O desenvolvimento da distribuição openSUSE ocorre no openSUSE Build Service, mais precisamente no repositório Factory (“fábrica”, no inglês). Novas versões de pacotes sempre entram no openSUSE por esse repositório. Para quem conhece o Debian, o repositório Factory do openSUSE é equivalente ao repositório instável (unstable, “Sid”) do Debian.

O projeto Tumbleweed foi iniciado em novembro de 2010 por Greg Kroah-Hartman, desenvolvedor do kernel Linux que na época trabalhava na Novell, então proprietária da SUSE. No início, não era propriamente uma distribuição inteira, mas um conjunto adicional de atualizações contínuas que podia ser instalado sobre a versão regular do openSUSE.

Nesse momento, o Projeto openSUSE tinha apenas uma distribuição, o openSUSE 11.3.

Quatro anos depois, em novembro de 2014, foi lançado o openSUSE 13.2, que acabou sendo a última versão regular da distribuição que se chamava apenas openSUSE. Ao mesmo tempo, os projetos Factory e Tumbleweed foram mesclados e passou a existir a distribuição chamada openSUSE Tumbleweed.

Internamente, no OBS, ainda existe o repositório Factory. Os pacotes considerados mais essenciais para o sistema são submetidos a testes automatizados da ferramenta openQA integrada ao OBS. Quando os testes são concluídos e o repositório está em um estado considerado estável, o repositório é então sincronizado com os espelhos (mirrors) e publicado como openSUSE Tumbleweed. Cada atualização dessa é chamada de snapshot (instantâneo) e normalmente é feita de duas a três vezes na semana.

Já no final de 2014, portanto, o Projeto openSUSE oferecia 2 distribuições: openSUSE 13.2 e openSUSE Tumbleweed.

Visando melhorar o processo de lançamento de novas versões, a SUSE decidiu liberar os códigos-fonte do SUSE Linux Enterprise (SLE) para a comunidade e ajudar a oferecer uma distribuição baseada neles. Para marcar a mudança, o Projeto openSUSE decidiu que na próxima versão da distribuição regular o número saltaria para 42 e o nome mudaria para Leap. E assim foi lançado o openSUSE Leap 42.1, sucessor do openSUSE 13.2, em novembro de 2015.

Portanto, no final de 2015, o Projeto openSUSE já oferecia suas 2 distribuições com os nomes que usam até hoje: openSUSE Leap 42.1 e openSUSE Tumbleweed.

O número 42 — a resposta para “o significado da vida, do universo e tudo mais” — era uma referência ao Guia do Mochileiro das Galáxias. O número 1 indicava o alinhamento com o Service Pack 1 (SP1) do SLE 12.

Pode-se dizer que esse salto no número foi principalmente uma estratégia de marketing, porque depois das versões 42.2 e 42.3, voltaram os números mais baixos, mais próximos dos usados antes. A SUSE e o Projeto openSUSE decidiram que as próximas versões das suas distribuições seriam numeradas openSUSE Leap 15.0 e SLE 15. Desde então, tivemos openSUSE Leap 15.1 e 15.2 e a próxima versão será a 15.3.

Versões do openSUSE (fonte: [Wikipedia](https://en.wikipedia.org/wiki/OpenSUSE_version_history))

Versões do openSUSE (fonte: Wikipedia)

Já o nome Leap (“salto”, em inglês) remete à forma como a distribuição evolui, o que a distingue da outra distribuição, Tumbleweed (“erva daninha”, em inglês, daquelas que andam aos saltos enroladas em bola, muito comuns em filmes de cowboys).

Enquanto usuários do Leap “saltam” de uma versão para outra (da 15.0 para a 15.1, da 15.1 para a 15.2, e assim por diante), usuários do Tumbleweed estão constantemente “rolando” na única versão que existe, que é sempre a mais recente.

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O Projeto Linux Kamarada visa divulgar e promover o Linux como um sistema operacional robusto, seguro, versátil e fácil de usar, adequado para o uso diário seja em casa, no trabalho ou no servidor. Os focos do projeto são principalmente distribuição e documentação.

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